sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Teoria da Contabilidade - Noções Gerais

“Aquele que se enamora da prática, sem a ciência, é como um navegante que entra no navio sem timão e sem bússola, que jamais tem a certeza de onde vai. Sempre a prática deve ser edificada sobre a boa teoria.” (Leonardo da Vinci)

OBJETIVOS DA EMPRESA

Quando se investe um capital busca-se um retorno adequado, que só será atingido através da eficácia empresarial, ou seja, através do conjunto de ações capazes de gerar e aumentar a riqueza de uma empresa. Uma empresa que almeja a prosperidade deve ser:

Rentável = capacidade de gerar de lucros

Solvente = capacidade de pagar suas obrigações



1. CONCEITO DE CONTABILIDADE TRADICIONAL

Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativa à administração econômica.

Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla todos os atos e fatos ocorridos numa organização, durante um determinado período de tempo.

Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nele ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.

(Hilário Franco)

2 - ESTRUTURA CONCEITUAL

A contabilidade pode ser estudada sob três formas de conhecimento:


a) CONHECIMENTO EMPÍRICO

b) CONHECIMENTO CIENTÍFICO

c) CONHECIMENTO FILOSÓFICO


Essas três formas de conhecimento encerram todo o desenvolvimento da ciência contábil, sendo seus aspectos estudados em busca de avanços ou novas teorias.
CONHECIMENTO EMPÍRICO

Conhecimento empírico é o que é obtido só pela observação e se fundamenta no hábito de que as coisas aconteçam como da última vez sucederam.

Baseia-se, fundamentalmente na prática, afastando-se, às vezes, dos melhores fundamentos da ciência contábil.


O conhecimento empírico é fundamental para o desenvolvimento científico ou filosófico


Empirismo ou pragmática.


Existem críticas, devidamente fundamentadas sobre a aceitação de alguns fundamentos desse conhecimento contábil. O fato de alguns organismos (CVM, Receita Federal, Tribunal de Contas) aceitarem um princípio como verdadeiro, não é o que o consagra como científico.

A denominação de “Princípios geralmente aceitos de Contabilidade”, fruto da tradução de uma expressão inglesa, só identifica opiniões de grupos de instituições, não a opinião científica contábil, sendo, portanto, conhecimento empírico em nossa área.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico exige universalidade, ou seja, o saber explicar sob que condições e como as coisas acontecem em qualquer lugar, a qualquer hora, sempre da mesma forma.

"Ciência é um conjunto de conhecimentos certos e gerais, referentes a um objetivo delimitado, obtido através de métodos racionais".


A contabilidade é uma ciência, porque:

a) Tem objeto: o patrimônio das entidades, estudando os seus fatos ou ocorrências;


b) Tem metodologia própria: utiliza-se de métodos racionais para o seu estudo;


c) Estabelece relações entre os elementos patrimoniais, válidas em todos os espaços e tempos;


d) Seu conhecimento baseia-se em fatores de prova, devidamente explicativos;


e) Tem observações, referências, teorias, hipóteses, leis, fontes de informações e demonstrações, tudo organizado sistematicamente: hipóteses sobre potencialidades do patrimônio, como as contingências, por exemplo, são freqüentes;


f) Estuda os fenômenos com rigor analítico: Análise da liquidez, análise de custos, análise de retorno de investimentos, etc.;


g) Enuncia verdades de valor universal: Exemplo: quanto maior a velocidade do capital circulante, tanto menor a necessidade de capital próprio;


h) Permite previsões: orçamentos financeiros, de custos, de lucros, etc.


i) Acolhe correntes doutrinárias: Contismo, Personalismo, Controlismo, Reditualismo, Patrimonialismo, Aziendalismo, Neopatrimonialismo;


j) Possui teorias próprias: Teoria das Aziendas, Teoria do Redito, Teoria do Valor, Teoria do Equilíbrio \patrimonial, Teoria das Funções Sistemáticas, etc.;


k) Presta utilidade: Aplica-se aos modelos de comportamento da riqueza para gestão empresarial e institucional a orientação de investimentos, ao controle orçamentário e fiscal, a produção de meios de julgamento, etc.


l) Apresenta-se em constante evolução.


* A contabilidade como ciência, não estuda um patrimônio, mas o patrimônio, não havendo como imputar-lhe qualquer ação subjetiva.


* as teorias, leis e hipóteses formaram um conjunto de saber sistematizado, que permitiu a elevação do conhecimento empírico, em um corpo de doutrina científico.


Teoria Contábil: as proposições acerca dos fatos contábeis, feitas de forma
analítica, formulando, inicialmente, hipóteses e depois leis,
formaram um conjunto de teorias.


Leis: como ciência a Contabilidade enuncia as suas verdades sobre os fatos,
através de suas leis. Explicar o fato é a função da Ciência e é a Lei quem
os explica.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO

"A base do conhecimento filosófico, em contabilidade, está em se conhecer, de forma essencial, o que se estuda, como se estuda e quais os limites de tais estudos"


O conhecimento da contabilidade é fruto da reflexão de cientistas, professores, profissionais, ao longo dos tempos e a doutrina não é uma improvisação ou uma primeira idéia sobre a matéria que estudamos.


A contabilidade, hoje, não se preocupa apenas com "o que se passa" no patrimônio.

Indaga "o que poderá vir a passar", e também questiona sobre a natureza dos objetivos da indagação.


Conhecimento filosófico opera nos seguintes elementos:


a) Natureza do conhecimento (forma de identificar os acontecimentos);


b) Natureza do fenômeno ou objeto de estudo (identificação real da matéria que se estuda)


c) Finalidade do conhecimento (para que se estuda e onde se aplica o conhecimento contábil)


d) Métodos de estudos (maneira de raciocinar escolhida para a Contabilidade)


e) Relações lógicas do fenômeno (o que acontece para que o fenômeno patrimonial possa ser formado e o que influi para isto)


f) Lógica conceitual (como dar nome aos fenômenos da riqueza individualizada e como raciocinar para encontrar um nome adequado)


g) Lógica das proposições (como usar os conceitos para enunciar verdades sobre o comportamento do patrimônio)


h) Bases da estruturação teórica (como reunir as proposições para conseguir estudar e desenvolver matéria do conhecimento contábil)


i) Classificação científica (no campo científico onde melhor se enquadra a contabilidade)


j) Sistematização dos fenômenos e análise sistemática (qual a ótica organizada, racional e de correlação entre os componentes do patrimônio de acordo com as diversas finalidades do uso da riqueza)


k) Correlações do conhecimento (como estabelecer o uso de conhecimentos de outras disciplinas, mantendo a autonomia científica da Contabilidade).



3. CONCEITO DE CONTABILIDADE MODERNO

“A contabilidade é um ramo do conhecimento humano que trata da identificação, avaliação, registro, acumulação e apresentação dos eventos econômicos de uma entidade, seja industrial, financeira, comercial, agrícola, pública, etc., com o objetivo final de permitir a tomada de decisão por seus usuários internos e externos por meio de seus sistemas de informação”.

(Silvio Aparecido Crepaldi)


“É uma ciência de natureza econômica e de caráter empírico, cujo objeto é a descrição e medição, tanto quantitativa como qualitativa, do estado e evolução do patrimônio de uma entidade específica, de acordo com uma determinada metodologia própria e com o fim de comunicar a seus destinatários informações objetiva e relevante para a adoção de decisões”. (escola espanhola)


* Ë uma ciência econômica, uma ciência relacionada com a administração de recursos escassos para a satisfação de necessidades ou usos alternativos;
* É de caráter empírico, o que supõe que está baseada na experiência e na prática;
* Seu objetivo formal é a obtenção de informação objetiva e relevante, já que há de ser utilizada para adoção de decisões;
* Possui uma metodologia própria (regras precisas e concretas);
* Elemento teleológica: permite a adoção de decisões adequadas.

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